
De grão em grão...
Gosto de pensar na história da formiga que constrói, de grão em grão, uma obra. As histórias sobre formigas costumam retratá-las como trabalhadoras pacientes e dedicadas, já que se investem por bom tempo na construção e manutenção de suas casas.
É uma boa metáfora para pensar o processo psicoterapêutico. Construímos uma obra, de grão em grão, a cada encontro. Engana-se quem pensa que esse carregar é um fazer aleatório. Pelo contrário, trata-se de um trabalho de construção autoral e cheio de sentido, que responde àquela angústia especial que motivou a procura por esse espaço. Carregamos, juntos, o que é possível e o que faz sentido a cada sessão. Após algum tempo, pode-se avistar uma obra, que é radicalmente única segundo a singularidade de cada um.
A obra vai crescendo e crescendo, e a vida vai crescendo para um novo lugar, e os dias passam e ter uma “cócega” diferente. Para além da “solução de um problema”, há a beleza de se (re)conhecer em uma obra autoral e desejosa. Há a beleza sincera daquilo de único que é possível, a cada um, construir diante da angústia, da questão, da falta. Com todos os intervalos inerentes a si.
Há a beleza sincera de si.
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Gabriel Bloedow da Silveira | CRP 07/40683
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