

Psicólogo
Como um barco à vela no oceano, frequentemente chegamos à psicoterapia movidos por algo, seja nas águas, nos ventos, ou na embarcação, que não vai bem. Podemos estar à deriva, ou em meio a uma tempestade, ou rumando um destino que não é bem nosso. Ou tudo isso simultaneamente, ou mesmo outras possibilidades que escapam a essas palavras tentantes.
Um dia, sentei-me pela primeira vez na cadeira de paciente, onde, em meio à inquietação, avistei a jornada de um mundo pessoal até então desconhecido. Toda angústia é, em última instância, uma porta para si mesmo. E todo si mesmo é, na verdade, um grande e único oceano. Mergulhemos.
Frequentemente, essa costuma ser a posição de quem embarca em uma psicoterapia, movido por uma demanda de certo modo conhecida, e também se deparando com uma boa dose de desconhecimento. Os caminhos dessa aventura são radicalmente únicos e plurais, e vão transcorrer, em cada um, segundo o tom e o tempo de uma bússola muito importante chamada desejo.
Para mim, um dos muitos efeitos dessa jornada foi o florescer etimológico do lugar profissional que ocupo hoje: Psicologia, do grego psykhè (Ψ), alma, e lógos, conhecimento. Escutar e cuidar da história de cada um é um emocionante privilégio, uma grande responsabilidade, e me faz um enorme sentido.
É assim que articulo o compromisso ético e desejoso que é a minha profissão, sustentando um lugar de cuidado profundo, seguro e qualificado. Especialmente, um cuidado que faça sentido e desejo para quem me confia a correnteza unicamente costurada de suas palavras.